terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Compras de natal


Ontem eu levei minha avó no shopping para ela comprar algumas coisas que queria. Esse fato não teria rendido post algum se não fosse por algumas coisas que aconteceram ontem.... comecemos por dois fatos importantes: fato número 1: minha velhinha tem problemas para se locomover e no caso de um shopping, com tanto lugar pra ver e distâncias consideráveis, ela precisa de cadeira de rodas. Fato número 2: a cadeira dela não é tecnológica e, portanto, tem que ser empurrada.

Fatos ditos, vamos aos acontecimentos: estávamos na vitrine de uma loja de sapatos, vendo os modelos que ela gostava para pedir ao vendedor. Minha avó é meio surda, o que faz qualquer pessoa ter que elevar um pouco a voz para falar com ela, e o vendedor não percebeu ou não quis fazer nada a respeito por educação, o que me levou a ficar "traduzindo" tudo que ele falava. Em poucos minutos uma senhora que estava passando chegou perto da gente e elogiou a situação porque "hoje em dia é difícil os jovens terem tanta paciência com os mais velhos"... agradeci, minha avó ficou orgulhosa, a senhora desejou boas festas, continuamos a escolher os sapatos e eu comecei a pensar.

Pouco tempo depois paramos numa loja de óculos para eu escolher um para mim. O atendente foi super gentil e útil e em alguns minutos eu já tinha decidido qual óculos levaria. Depois de tudo pago, notinha e óculos na mão, ele se apoiou na bancada e disse que, nos vendo pra cima e para baixo, não pôde evitar lembrar da avó dele, que não vê há 3 anos porque mora em Minas. Contou que ela ficou doente e que estava quase vindo buscar ele porque ele nunca vai lá. Disse que bateu uma saudade imensa e prometeu que vai dar um jeito de ir visitá-la nas próximas férias. Saímos de lá e comecei a observar... várias pessoas ficavam nos olhando. Algumas obviamente rindo (eu estava usando uma sacola gigante como "mochila" porque não conseguia carregar na mão enquanto empurrava a cadeira de rodas) mas outras sorrindo levemente para nós.

Voltando para casa e acabei esquecendo do assunto mas agora me veio na cabeça... quão errado é as pessoas se impressionarem com neta e vó passeando pelo shopping, conversando e apontando para vitrines? Por que eu mereço elogios por ter paciência com a minha vó? Será que o vendedor realmente vai visitar a velhinha dele? Por que tantas vezes se vê idosos sofrendo maus tratos?
No fundo, é como minha vó fala: "velho é igual criança", precisa dos mesmos cuidados, atenção e ajuda. Por que, então, tem tanta gente que ama crianças mas não suporta passar duas horas com um idoso, até mesmo sendo do próprio sangue? O tempo vai passando cada vez mais depressa e muita gente acaba esquecendo que um dia nós que seremos os idosos, nós que precisaremos de ajuda para levantar, para cozinhar, para entender a nova tecnologia e de muito carinho porque nos sentimos sozinhos.

Assim como qualquer outra pessoa, um idoso quer alguem para conversar às vezes. Que tal ir visitar seus avôs? Mandar uma carta, ligar, mandar um presentinho? Para os que infelizmente não tem mais essa geração da família, por que não ir a um asilo talvez e adotar um vovô? Eles tem tantas histórias para contar... no fim, mais do que uma boa ação, será  um ato de amor e humanidade de aquecer o coração.
Feliz Natal, gente. 

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