quarta-feira, 7 de abril de 2021

Medo de morrer

Eu gostaria de ter percebido mais cedo que a vida não é um filme ou um vídeo game. Queria ter entendido, pelo menos alguns anos no passado. que aquele dia nunca mais se repetiria e que eu nunca mais viveria aquele momento novamente. Nunca o mesmo, nunca igual.

Eu me dei conta apenas por agora, próxima do meu 29° aniversário, de que não importa quantas vezes eu consiga refazer uma fase, rever um filme, repassar uma conversa, reler um livro, eu nunca vou poder fazer a mesma coisa com a minha vida.

Eu penso todos os dias em quantos dias ainda eu posso ter. Em quantas cicatrizes meu corpo ainda consegue aguentar. Em quantas ressacas meus órgãos estão aptos a superar. Em quantas batidas meu coração dará até se recusar a continuar.

Todos os dias eu morro de medo de não aproveitar o melhor que posso dos meus dias porque essa é a minha única chance de viver cada um deles. Toda decisão eu penso se pode ser a pior que eu já fiz nos últimos tempos ou se vai me levar para o melhor caminho possível de agora em diante. É realmente ridículo o quanto eu penso nas reviravoltas da vida com os "e se..." do passado.

Dá muito medo de viver por ter medo de morrer. Esse paradoxo nunca me causou tanta angústia.

Eu achei que nunca ia desejar uma máquina do tempo, mas como eu desejo. Tudo que eu queria era mais tempo. De um tempo que eu nem sei quanto vai durar, mas que eu já morro de medo de ter fim.