domingo, 20 de setembro de 2009

"Noite alta, um bêbado passa cantando e atrapalha meu sofrimento. É um cantar calmo e isolado, que não distingue palavras e nem sentimentos, mas entorpece com a suavidade embriagada da voz de um alguém desconhecido que provavelmente também desconhece a todos.
Com esforço, levanto da minha cama e desligo o pequeno rádio que estava tocando uma música triste qualquer. Estranhamente, no momento o bêbado parece mais afinado que qualquer tenor mundo afora e sua melodia, mistura de tudo que nunca ouvi, parece traduzir minha alma.
O quarto escuro está apenas iluminado pela lua minguante, pois não há postes na rua e, com a meia luz prejudicando minha visão, vago pelo quarto batendo os pés em móveis, roupas e sapatos sem ligar realmente para eles; meu objetivo é a janela e eu vou chegar lá.
Torcendo para poder avistar o meu embriagado cantor, me debruço no parapeito, procurando febrilmente pela longa avenida. Meus ouvidos ouvem a melodia perfeitamente mas meus olhos mal enxergam o encurvado personagem no meio da rua, pouco adiante da minha sacada e de costas para mim que, iluminado pelo luar, estende uma flor branca para o céu, numa homenagem clara ao satélite mais belo da Terra.
Infelizmente, durante o breve momento em que olhei para nossa única fonte de luz, o desconhecido finalizou sua serenata e saiu trôpego pela rua, deixando a flor caída no chão. O cantor da minha alma estava indo embora com ela, e o vazio que me rondava antes agora me invadiu por inteiro.
Observo amedrontada enquanto ele segue até um certo ponto da avenida e entra em um beco que eu sei que não tem saída: lá é o fim. Com um suspiro, fecho os olhos. Então... morrer é assim ?"

bru lunardi - conto fantástico pra aula de redação.

domingo, 13 de setembro de 2009

Calor.
Intenso, repetitivo e mórbido calor.
qualquer lugar parece (e está) abafado e nem uma leve e raríssima brisa melhora a situação - já que a mesma apenas transporta o ar de um lugar para o outro mas não consegue alterar sua absurda temperatura.
Depois de uma semana com chuvas deliciosas lavando a alma dessa cidade, um dia inteiro com o sol soberano regendo todo nosso dia e trazendo consequências até de noite, dá uma sensação claustrofóbica e nauseante. A incapacidade de me livrar dele mesmo estando a um metro do ventilador é frustrante.
Calor é uma coisa apropriada para cidades litorâneas ou próximas à cachoeiras, riachos ou outras fontes de água naturalmente frias; não para o meio do Centro-oeste brasileiro. Aqui não há pra onde correr: em todo lugar faz calor e piscinas são raras nas casas.
Onde está o frio que nos prometem todo ano ? Esperei durante junho, julho e agosto inteiros e praticamente nada. Se não puder ser frio, pelo menos chuva, vento, umidade! O cerrado pode viver dessa secura e calor, mas eu não vivo. Bom... pelo menos eu ainda posso reclamar.
;*

terça-feira, 8 de setembro de 2009

sabe, eu acho que tenho algum distúrbio de atenção...
não consigo me ater (nem parcialmente) a nenhuma ação se faço várias simultaneamente.
já faz duas horas que a janela de postagem está aberta mas vou dar uma olhada em outra coisa e perco a linha de raciocínio que tava desenvolvendo.
sem contar que meu teclado não colabora pra prender minha atenção na tarefa de escrever aqui e o único assunto que me sobrou tá tão difícil de ir pra frente quanto qualquer outro.
vou dar uma trégua por hoje. vou começar a usar o papel e depois passar pra cá.
;*