sábado, 3 de agosto de 2019

Tchau, vó.

91 anos é tempo demais pra se viver.
Nem a pessoa mais persistente e teimosa que eu conheço quis chegar nessa marca, então cá estamos nós vendo ela partir a um dia do seu aniversário.
Dona Elisabeth foi criança espoleta, filha bem criada, irmã bem parceira, professora dedicada, tocadora de teclado - e piano (e órgão) -, cristã devota, esposa, mãe de um e depois de dois, deficiente física com bengala, responsável pelo coral da igreja, dona de cães, avó coruja, cozinheira de nhoque e miojo, paulista, nordestina, candanga, meio surda, desbocada, fazedora de crochê, master separadora de peças de quebra-cabeça, reclamona que só ela, professora de artesanato, viajante em prol de palavras cruzadas, mandante na organização dos potinhos na cozinha, dona dos cabelos mais bonitos (mas nunca cortados do jeito certo), a doida do aparelhinho de pressão e até bisavó.
Dona Elisabeth foi muitas muitas coisas mas eu sei que cada um de nós vai ter suas próprias lembranças especiais no coração, com aquela característica mais marcante. Porque se teve uma coisa que Dona Elisabeth foi é cativante. E todo mundo sabe que tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
O eterno físico dela acabou, mas ela vai viver pra sempre em cada um de nós.

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